Se alguém me dissesse há uma ou duas décadas que o mundo passaria por transformações digitais que mudariam de forma exponencial a maneira como consumimos, no relacionamos, fazemos negócio e trabalhamos, eu ficaria no mínimo muito desconfiado.
Não só mudou, como está mudando e, cada mudança acontece de maneira mais rápida…
…Drones para entregas logística e transporte pessoal, robôs autônomos realizando tarefas repetitivas, assistentes virtuais inteligentes facilitando a vida, mídias sociais conectando o mundo, impressoras 3D imprimindo de casas a pequenas peças de reposição.
Internet das coisas, serviços estupendos por recorrência: streaming, carros, casa, babá, faxineira e até goleiro para a pelada de fim de semana.
Quando vamos ao campo das profissões — ual! A coisa vais a estratosfera!
Você pode ser o que quiser. Trabalhar de onde quiser. De qualquer parte do mundo mesmo. Literalmente. Tendo apenas um computador e internet à disposição.
Profissões antes inimagináveis como: digital influencer, youtuber, tiktokers, instagrammers, marqueteiros digitais, mineradores de dados ou moedas digitais, designer de experiência do usuário, especialista em telemedicina, personal branding para redes sociais e muito mais, são a nova coqueluche entre a galera da nova geração.
E nesse cenário (VUCA ou BANI!?), o mercado demanda certo perfil profissional dotado de habilidades específicas para navegar nessa nova economia: digital, rápida, informativa, disruptiva e extremamente social.
Aliás, de agora em diante haverá dois tipos de profissionais. E, os dois serão programadores:
Ou você estará no grupo dos que programam máquinas ou dos que programam gente.
Bem-vindo a era do Nexialista.
Mas, antes de você discordar, de eu explicar o que estou falando e você achar que estou doido de pedra, permita-me falar sobre as diferenças entre especialistas, generalistas e nexialistas primeiro.
OS ESPECIALISTAS E GENERALISTAS NÃO VÃO SUMIR, NÃO É ISSO!
O mercado é composto por muitos executores e poucos executivos. E, geralmente, especialistas são executores e generalistas são executivos.
Confuso? Vou esclarecer. Mesmo que, como posso dizer isso?! Nem todo mundo esteja pronto para essa conversa, contudo, vamos tê-la mesmo assim.
Para Drucker, executivos são os trabalhadores com cargos de grande responsabilidade que executam funções administrativas. Tipo CEOs, Diretores e gerentes… que, em virtude de sua posição ou de seu conhecimento são decisores no curso normal do trabalho.
Já o executor, segundo o dicionário (e o dia a dia das empresas), são aqueles que executam ordens, projetos, planos.
Claro que eu e você conhecemos gerentes especialistas e coordenadores generalistas. Eles existem e estão por aí. E tem mesmo que ser assim, pois, CEOs, CFOs e diretores, generalistas em teoria, não nascem prontos, eles são criados.
Em síntese, o especialista é o profissional que conhece muito de uma área só. Tipo engenheiro, o advogado, tributarista, financeiro etc. (não falo de formação, mas, de especialidade).
O generalista é aquele que sabe um pouco sobre muitas coisas e consegue transitar bem por muitas áreas. Ele pode ter uma área de especialidade, e geralmente tem, no entanto conhece um pouco das demais. Para exemplificar: ele tem uma carreira em T. A base do T é sua especialidade e o “chapéu” do T são todas as outras áreas que ele transita.
Já o nexialista, diferente do especialista e do generalista, é aquele que nem sempre tem uma especialidade, não conhece todas as respostas, porém, sabe onde buscá-las, é bom em conectar pessoas e buscar nexo entre conhecimentos supostamente não relacionados.
Em suma, os três perfis são e serão sempre necessários. Porém, aquele que vai ocupar posições mais estratégicas e, ser mais bem remunerados de agora em diante serão os nexialistas.
Explico o porquê.
Especialistas fazem a coisa acontecer, generalistas gerem a coisa para crescer saudável e continuamente, e, nexialistas garantem que a coisa no morra como aconteceu com empresas icônicas como blockbuster, Kodak, Xerox, Yahoo, MySpace, Blackberry e outras…
O que coloca o Nexialista como perfil ideal para atuar na economia vigente…
DE ONDE VEIO O TERMO NEXIALISTA
O escritor Canadense de ficção cientifica Alfred Elton Van Vogt, cunhou o termo pela primeira vez ao escrever na década de 50 um livro chamado Voyage of the Space Beagle.
No Brasil a obra recebeu o nome de Missão Inter Planetária e pode ser comprada em sebos na versão em português ou no link do título na língua original.
Na saga, o autor descreve viagens de uma nave espacial repleta de cientistas que atravessa o universo em busca de planetas distantes e sempre se vê envolvida em sérios problemas, que, seu personagem central, um nexialista, única pessoa a bordo sem nenhuma especialidade cientifica, sempre surgia com uma solução.
Uma sacada de gênio do autor, pois, cada especialista pensava no problema a partir do ponto de vista de sua especialidade, enquanto o nexialista a bordo, sem especialidade nenhuma, enxergava o problema de uma perspectiva única e integrava todas as especialidades, processos e ciências, fazendo as provocações certas e tirando muitas vezes soluções de lugares muito pouco prováveis.
O que fazia dele sempre um herói. E claro, serviu de inspiração para outras tantas sagas famosas do cinema mundial.
Assim, o termo nexialista é cunhado pela primeira vez e diz respeito a alguém que não possui domínio sobre uma área específica do conhecimento, mas, consegue encontrar nexos, pontos em comum entre assuntos e temas distintos.
POR QUE O NEXIALISTA VENCE NO MUNDO ATUAL
Da década de 50 para cá muita coisa mudou.
Passamos por mais duas revoluções: a 3.0, que diz respeito ao computador e a internet, e a 4.0 que trouxe em seu bojo as grandes maravilhas já citadas no início do texto, mas, que vale serem repetidas: ultra conectividade, machine learning, impressão 3D, blockchain, internet das coisas, robótica e inovações relacionadas.
Realmente o mundo mudou pra caramba. Porém, do outro lado do espectro das mudanças estão os desafios relacionado a pessoas.
O mercado está exigente.
A busca pela máxima performance, criatividade e inovação, desafia líderes e liderados.
Nesse sentido, faz se necessário contingenciar também doenças do trabalho como: estresse e depressão ocupacional, ansiedades, síndrome de burnout e outros distúrbios.
O que determina que os profissionais modernos tenham habilidades também com gente. Assim, duas serão as formas de se destacar nessa nova economia: programando máquinas ou “programando” gente (como já citamos anteriormente).
Especialistas e generalistas para as máquinas e nexialistas para as pessoas?
Boa pergunta!
É hora de pensar de fora da caixa. De expandir a caixa, ou, rasgá-la de vez.
Tudo hoje está sob análise: modelo de educação, modelos de gestão de negócios, estilos de liderança e também perfis profissionais. Que carrega uma discussão sem fim sobre hard skills, soft skill, híbrido das duas ou sabe se lá o quê!!!
No passado vencia o profissional mais bem informado. Informação era poder.
No entanto, na era da informação, onde tudo está à disposição no Google, Youtube, Instagram e blogs, informação tornou-se comodities.
E quando o produto de valor se torna comodities, o diferencial estará sempre no expoente. Nesse sentido, hoje vence o profissional que consegue transformar informação em conhecimento e conhecimento em sabedoria.
Conhecimento é o resultado da análise e organização das informações em contextos específicos, enquanto sabedoria é a habilidade em saber que conhecimentos são relevantes para a solução de problemas.
Ou seja, ter sabedoria significa saber fazer as perguntas certas sobre o conhecimento que é resultado da informação analisada e colocada em prática.
E o nexialista é o profissional do conhecimento e da sabedoria.
CARACTERÍSTICAS E COMPETÊNCIAS DE UM NEXIALISTA
As empresas contratam pessoas por suas capacidades técnicas e demitem por falta de habilidades comportamentais.
É claro que você já leu ou ouviu isso por aí!
O cara é excelente com Excel e números, mas, horrível com pessoas. Consegue analisar e transformar em números inteligentes uma base de dados com milhões de linhas, porém, não sabe comunicar o output de sua análise.
Executa magnificamente, no entanto, é ruim de relacionamento, é prolixo, instável, não sabe liderar, (se) vende mal, não tem a postura correta, não cumpre o dres-code, não influencia, não tem poder de persuasão…
Estou citando isso para que você entenda que mesmo que seja um especialista ou generalista, as características e habilidades de um nexialista também são para você.
E o melhor: podem ser aprendidas.
Um nexialista só é capaz de encontrar nexos e pontos em comum entre assuntos e temas porque é alguém que literalmente pensa fora da caixa.
Ele tem habilidades pessoais, sociais, comerciais, processuais, técnicas, gerenciais, de liderança, e, é alguém subversivo, inconformado, questionador, provocador.
Sempre para o bem, claro.
Incompreendido muitas vezes? Sim.
Entretanto, por ser portador de características como as citadas abaixo, consegue se sair muito bem em qualquer cenário ou empresa:
- Tem poder de Influência e Persuasão;
- É Proativo e Curioso;
- Tem poder de síntese e de tomada de decisão;
- Exímio comunicador;
- Tem altíssima inteligência emocional e relacional;
- É antifrágil;
- Criativo e inovador;
- Flexível e com mindset de inteligência digital;
- Colaborativo e praticante da escuta ativa;
- Domina a ciência da negociação;
- É inquieto e provocador;
- É multidisciplinar, conseguindo fazer conexões envolvendo temas variados;
- Tem visão holística e capacidade de correlações abrangentes;
- É um lifelong learning, está sempre aprendendo sobre o que é importante e busca repertório nas mais improváveis fonte do saber.
QUERO SER UM NEXIALISTA, ONDE ME INSCREVO?
Desejo certo, pergunta errada.
Não existe curso que forje um nexialista. Ele é forjado ao longo do tempo.
Hoje me considero um nexialista.
Depois de 26 anos de carreira e centenas de pessoas lideradas e projetos entregues. Mais de 300 artigos escritos. Milhares de horas de mentorias e treinamentos. Muitos e muitos erros, acertos, cicatrizes, falências, desencontros e desencantos e uma infinidade de cursos, palestras, livros, workshops…
Poxa Achiles, eu terei que passar por tudo isso para me tornar um nexialista?
Claro que não. Quer dizer — espero que não.
Apesar de Hegel ter como um dos princípios de sua filosofia do Direito, a clássica frase:
“A coruja de Minerva levanta voo ao cair do crepúsculo”.
Acredito que seja possível encurtar bem o caminho se você se atentar para as habilidade e características que discutimos aqui.
Com muita humildade e disciplina em busca da “coruja de minerva”, a saber, a sabedoria, você poderá se tornar um nexialista e ocupar os espaços no mercado atual sem necessariamente ter de esperar o “crepúsculo”, ou seja, os anos e anos de experiência.
Bom trabalho e boa sorte.
Até à próxima!
Achiles Rodrigues